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Biografia de Ferreira de Castro (continuação) - Segundo o Museu Ferreira de Castro em Sintra -

Este texto faz parte do guia da exposição permanente sobre a vida de Ferreira de Castro que pode ser vista no Museu Ferreira de Castro.

No Brasil: da selva amazónica a Belém do Pará

A 7 de Janeiro de 1911, Ferreira de Castro embarcou em leixões a vordo do vapor Jerôme - navio "negro e sujo", ecordou em 19661 - com destino ao Pará. "Tinha eu, então, 12 anos, 7 meses e 14 dias..."2

Ferreira de castro permanece pouco tempo em casa de um conterrâneo a quem fora recomendado, que - como num episódio saído dos livros de Dickens - procurando livrar-se daquele encargo, trata de lhe arranjar trabalho num inóspito seringal.

Vive, assim, entre 1911 e 1914, no seringal ironicamente chamado "Paraíso", nas margens do rio Madeira, território da tribo Parintintim, em plena Amazónia. Embora trabalhasse como caixeiro num armazém, marcá-lo-ia fortemente a convivência com os seringueiros cearenses e paraenses, vítimas de todas as dependências, a exemplo do que sucedeu com os operários ingleses na Revolução Industrial.

A par de pequenos contos e crónicas escritos para vários jornais, redigiu o seu primeiro romance, Criminoso por Ambição, que viria a publicar em 1916, já no Pará, editando-o a expensas próprias.


Em 28 de Outubro de 1914, deixa o seringal rumo a Belém. Aí passa enormes dificuldades que o obrigam a tomar em mãos pequenos trabalhos para não morrer de fome: cola cartazes nas ruas, faz a carreira do Oiapoque como embarcadiço num navio de cabotagem.

Em 1915 começa a colaborar no Jornal dos Novos, publicando no ano seguinte - além de Criminoso por Ambição, que distribui em fascículos de porta em porta - a peça Alma Lusitana.

Inicia-se, então, um período mais estável em que o jovem literato ganha alguma notoriedade entre a colónia portuguesa do Pará, em especial quando, com João Pinto Monteiro, funda e dirige o semanário Portugal. Aí publica, parcialmente, o seu segundo romance, Rugas Sociais, nunca editado em livro.

Em 1919 viaja pelo Sul do Brasil, relacionando-se nos meios literários de S. Paulo e do Rio de Janeiro, até que em Setembro desse ano regressa a Portugal a bordo do "Desna", com 400 escudos no bolso.

Confiando nas suas capacidades, que lhe permitiram encetar um percurso jornalístico e literário no outro lado do Atlântico, chega a Lisboa decidido a trabalhar nas gazetas, sem qualquer recomendação ou conhecimento no meio.

1 Emigrantes, posfácio à edição comemorativa do cinquentenário de Vida Literária, Obras, Vol. I, p. 255.
2 Ferreira de Castro e a Sua Obra, p. 23.

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