Por Bito Masahide, Ph.D. (professor de História
Japonesa na Universidade de Chiba e Professor Emérito
da Universidade de Tokyo) e Watanabe Akio, Ph.D. (Professor
de Relações Internacionais da Universidade
de Tokyo).
Agradecimentos:
Embaixada do Japão em Portugal, ISEI
(International Society for Educational Information, Inc.
-Tokyo)
6. A Idade da Paz Ininterrupta: O Período Eido 1603-1868
Após
a morte de Hideyoshi, Tokugawa leyasu, um daimyo baseado
em Edo (atual Tóquio), nomeou-se ele mesmo como o poder
central do país. Após obter a nomeação de shogun da corte
imperial em 1603, ele iniciou um novo shogunato, em Edo.
Desenvolvendo
o sistema social estabelecido por Hideyoshi, o shogunato
de Edo manteve a ordem social estável por 264 anos. As pessoas
durante este período foram divididas em três classes: os
samurais governantes, os agricultores, e os habitantes de
cidades (artesões e comerciantes). Apesar das fortes distinções
de classes, as condições de vida eram mais estáveis do que
em períodos anteriores. Essa estabilidade proporcionou uma
base para que as pessoas desenvolvessem suas abilidades
e originalidades dentro da estrutura das vocações consideradas
apropriadas a suas classes. Embora experimentassem dificuldades
econômicas, os orgulhosos samurais contribuiram para um
desenvolvimento de um sistema legal e administrativo eficientes,
assim como para o avanço de várias áreas da educação. Por
sua vez, os agricultores e os habitantes de cidades tinham
mais oportunidades de melhorarem materialmente. Durante
o século XVII, a produtividade de arroz quase dobrou, e
o cultivo de cereais valiosos comercialmente começou a expandir-se
de vila a vila. Com o desenvolvimento de várias indústrias,
muitas cidades prosperaram, e o poder econômico da classe
mercantil ultrapassou àquele da classe dos samurais.
Nesta
época, diversas artes floresceram na sociedade comum, incluindo
distintas formas de artes como o teatro kabuki e as gravuras
ukiyoe em blocos de madeira. Com o desenvolvimento da educação,
o grau de instrução e o conhecimento da aritmética expandiram-se
entre a população ordinária. No começo do período Edo, por
volta de 1630, o governo exigiu que todos os japoneses renunciassem
ao Cristianismo, e para este fim, proibiu-se a entrada de
navios portugueses no Japão, e a saída de japoneses ao exterior.
O shogunato acreditava que as atividades dos missionários
europeus dissimulavam uma conquista política, adotando assim
uma política de rígido isolamento. O comércio com Holanda
e China, entretanto, continuou a ser feito no porto de Nagasaki.
Do mesmo modo, continuavam a entrar no Japão algumas informações
do exterior. Por volta do século XVIII, os escolares começaram
a estudar ciências tais como medicina e astronomia através
da língua holandesa.
Na
segunda metade do século XVIII, o comércio mostrou grande
desenvolvimento tanto nas áreas urbanas como nas rurais.
Em conseqüência, o shogunato e os daimyos cada vez mais
descrobriram que seus rendimentos baseados em taxas sobre
a produtividade de arroz eram insuficientes para cobrir
suas despesas sempre crescentes. Para resolver este problema,
aumentaram as taxas, que levaram a freqüentes rebeliões
dos camponeses. Entre o povo, a separação entre os comerciantes
ricos e os proprietários de terras por um lado, e os pobres
camponeses por outro, ficou cada vez maior, causando freqüentes
confrontações entre eles. A medida que estes problemas ficaram
mais conspícuos, surgiu entre o público o desejo de uma
reforma política.
Paralelamente
à insatisfação doméstica, os países estrangeiros começaram
a pressionar o governo para abrir o Japão ao mundo. Os russos
chegaram nas ilhas Kurile, e fazendo contato com os habitantes
das ilhas, tentaram estabelecer relações comerciais. Navios
baleeiros da Grã-Bretanha que operavam no norte do Oceano
Pacífico e outros países alcançaram as costas do Japão e
pediram por água e suprimentos de comida. Finalmente, em
1853, o Comodoro Matthew C. Perry e sua frota desembarcaram
nas costas do Japão e forçaram o governo a aceitar uma carta
do presidente dos Estados Unidos.
Baseando-se
em seu conhecimento da situação internacional na Ásia Oriental
após a Guerra do Ópio, o shogunato de Tokugawa por fim reconheceu
que a abertura do Japão era inevitável, e estabeleceu tratados
de amizade, e logo comércios com os Estados Unidos e outros
países do ocidente. Surgiram muitas críticas por todo o
Japão, acusando esta ação do governo como uma rendição à
força militar estrangeira. Não obstante, na tensão política
causada, o shogunato, lordes feudais, e guerreiros preferiram
evitar uma guerra civil e uniram-se sob a autoridade da
corte imperial para assegurar a unificação do estado.