Por
Bito Masahide, Ph.D. (professor de História Japonesa
na Universidade de Chiba e Professor Emérito da Universidade
de Tokyo) e Watanabe Akio, Ph.D. (Professor de Relações
Internacionais da Universidade de Tokyo).
Agradecimentos:
Embaixada do Japão em Portugal, ISEI
(International Society for Educational Information, Inc.
-Tokyo)
8. O Japão após a II Guerra Mundial
O Japão
foi colocado sob o controle dos Aliados (essencialmente
dos americanos) por mais de seis anos e meio após sua rendição.
As autoridades da Ocupação, lideradas pelo General Douglas
MacArthur realizaram várias reformas sociais e políticas
a fim de refazer um Japão mais pacífico e democrático. As
terras agrícolas foram redistribuídas aos antigos rendeiros.
Assegurou-se aos trabalhadores o direito de organizarem
uniões de comércio e greves. O grande zaibatsu - as companhias
de grandes propriedades baseadas em laços familiares - foram
dissolvidas. Deram-se direitos às mulheres, inclusivé
o de votar. Estabeleceu-se a liberdade de assembleia, discurso,
e religião. Esboçou-se uma nova constituição em 1947. O
primeiro ministro, chefe do executivo, deveria ser escolhido
pelos membros da Dieta (o parlamento nipónico). Aboliu-se
o antigo sistema de aristocracia, e declarou-se que o imperador
seria apenas o "símbolo do Estado e unidade do povo, derivando
sua posição através do desejo do povo". A constituição negava
ao Estado o direito de usar a guerra como um meio de resolver
disputas internacionais, embora agora esteja oficialmente
entendido que esta "cláusula de renunciação à guerra" não
significa a renúncia da construção de uma defesa
própria como um direito inerente.
Todas
essas reformas domésticas foram executadas através do governo
japonês sob a supervisão das autoridades de Ocupação. As
relações externas, no entanto, foram completamente interrompidas
durante o período de ocupação. O Japão readquiriu seu direito
de realizar assuntos estrangeiros pelo tratado da paz que
foi assinado em Setembro de 1951, em São Francisco, e que
entrou em vigor em Abril do ano seguinte. Este acto possibilitou
a reentrada do Japão na Comunidade das Nações como um Estado
reformado. Privado de suas antigas colónias, o Japão,
com um território quase idêntico ao que possuia em 1868,
era agora povoado por aproximadamente 85 milhões de pessoas
(mais que 2,4 vezes a população do início do período Meiji).
O Japão também foi obrigado a pagar reparações aos países
vizinhos que tinham sofrido a sua agressão, assim como teve
que renunciar às relações com a China, que estava
agora sob o regime Comunista. Embora as relações diplomáticas
com a União Soviética tinham sido restauradas em 1956, ainda
permaneceram questões não resolvidas em relação à soberania
dos Territórios do Norte, quatro ilhas adjacentes a Hokkaido.
Uma
das preocupações mais imediatas dos líderes japoneses e
do público naqueles anos foi a reabilitação económica.
Com o apoio dos Estados Unidos e alguns outros países,
o Japão foi admitido em várias organizações internacionais
incluindo a Comissão Ecónomica para a Ásia
e Extremo Oriente (ECAFE, actual ESCAP), FMI, GATT (actual
Organização Mundial do Comércio), etc.,
que possibilitaram ao país participar no comércio internacional
multilateral livre.
A partir
de meados dos anos 1960, o Japão começou a enfrentar novos
tipos de problemas interna e externamente. Satisfeitos com
as necessidades imediatas de vida, o povo começou a exigir
outras coisas, como a melhoria da qualidade de vida. A prevenção
da poluição, por exemplo, cada vez mais atraiu a atenção
do público; os estudantes também expressaram o seu descontentamento
nas escolas e universidades. Apareceram também vários grupos
de cidadãos que exigiam uma rectificação das desigualdades
sociais. A multiplicação e diversificação dos valores sociais
também se reflectiram na emergência de novos partidos políticos:
além dos Democratas-Liberais, os Socialistas e os Comunistas.
Externamente,
requereu-se cada vez mais que o Japão desempenhasse um papel
mais importante e mais construtivo. No campo político, a
reversão de Okinawa (ocupada pelos Estados Unidos desde
a II Guerra Mundial) à administração japonesa em 1972, e
o restabelecimento de relações com a República
Popular da China no mesmo ano caracterizou a nova posição
internacional do Japão no mundo. No campo da economia mundial,
o Japão tomou várias medidas para liberalizar o mercado.
Como um importante membro da OECD empenhado em manter o
sistema de comércio livre, o Japão atualmente desempenha
um significante papel nas áreas do comércio, finanças, e
assistências econômicas e tecnológicas. Desde 1975 o Japão
tem sido um participante das conferências económicas
das sete (agora oito) maiores potencias mundiais, que são
realizadas anualmente.
O Japão
parece estar ainda a experimentar uma significante transformação
da sua estrutura interna. Com os mais altos índices de longevidade
no mundo (74,54 anos para os homens e 80,18 para as mulheres
de acordo com estatísticas de 1983), espera-se que o Japão
fique com uma das populações mais idosas do mundo em poucas
décadas. Com a segunda maior economia do mundo, pode-se
prever que o Japão exerça grande influência sobre os rumos
da economia mundial no futuro. As próximas décadas responderão
como o Japão enfrentará os diversos desafios, tanto domesticamente
como em suas crescentes responsabilidades como um estado
internacional.