Logo
PRIMEIRA PÁGINA > AUTORES > LEWIS CARROLL



Autores: Almeida Garrett | Charles Dickens | Eça de Queirós | E. S. Gardner | Fernando Pessoa | Ferreira de Castro | Florbela Espanca | H. G. Wells | Lewis Carroll | Saint-Exupéry | Vitorino Nemésio | W. Shakespeare
página 2 >>

Biografia de Ferreira de Castro - Segundo o Museu Ferreira de Castro em Sintra -

Este texto faz parte do guia da exposição permanente sobre a vida de Ferreira de Castro que pode ser vista no Museu Ferreira de Castro.

Infância: 1898-1911

José Maria Ferreira de Castro nasceu a 24 de Maio de 1898, na aldeia de Salgueiros, freguesia de Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis. O mais velho de cinco irmãos, era filho de José Eustáquio Ferreira de Castro - que faleceu quando o futuro escritor tinha três anos - e de Maria Rosa Soares de Castro.

A infância foi igual à de tantas outras crianças filhas de camponeses. Aprendia na escola, com o professor Portela, o abc e as elementares operações aritméticas. O necessário, em suma, à vida quotidiana; ia à catequese, ensinada pelo padre Carmo, que lhe minitrou o sacramento da comunhão.

Um dia, quando se falava muito no reaparecimento do cometa Halley, o sacerdote deu-lhe para recitar numa festa escolar uma poesia de Faustino Xavier de Novais sobre um cometa que aterrorizara as gentes do século XIX. Como prémio recebeu aquele que terá sido o seu primeiro livro, excluindo a cartilha e o catecismo: Do Algarve ao Minho em Automóvel, do jornalista Eduardo de Noronha.

Um primeiro prémio que o pequeno Zeca terá saboreado com voracidade, pois já nesse tempo o fascínio da letra de forma, as pobres historietas de cordel apregoadas nos mercados, exerciam sobre ele forte atracção. Anos mais tarde, o escritor recordava: "A 'História do João Soldado' e outros folhetos onde se narravam, em verso, dramas absurdos, folhetos que se vendiam nas feiras, passaram a ser para mim tão fascinadores como os doces, os camarões e os fogos de S. João, que ali se queimavam no Carnaval. Que pena não ter dinheiro para comprar todos esses livrecos que se vendiam juntamente com o Borda D'Água e medalhas bentas!"1

Os primeiros anos foram de intensa comunhão com a Natureza envolvente. Trilhava os caminhos, deambulava por entre as árvores, quedava-se à borda do Caima, "minha paixão, de água azul, fleumática, reflectindo a longa teoria dos amieiros ribeirinhos, enquanto deslizava para as lonjuras que ela desconhecia, que eu desconhecia também e já nesse tempo amava com veemência."2

Um amor pueril iria dar novo rumo à sua vida. Apaixonara-se por Margarida, que aos dezoito anos pouco ligava à criança que ele, com pouco mais de dez ainda era. Um acto temerário agigantá-lo-ia, decerto, aos olhos de Margarida. Decidiu, a exemplo do que faziam muitos homens e rapazes da sua idade, emigrar para o Brasil, proeza que espantaria tudo e todos.

No dia da partida, porém, Margarida não estava lá.

1 Texto memorialístico em Ferreira de Castro e a Sua Obra, Livraria Civilização, Porto, 1931, pp 16 e 17.
2 "A Aldeia Nativa", Obras de Ferreira de Castro, vol. IV, Lello & Irmão, Porto, 1975, p. 1133.

página 2 >>